As empresas acreditam que só têm duas alternativas: repatriar seus dados ou reclamar sobre os custos elevados da nuvem pública. No entanto, existe uma terceira opção, embora demande esforço.

Com base na grande expectativa criada, pode-se imaginar que as empresas têm abandonado as plataformas de nuvem rapidamente, como se estivessem fugindo de um navio que está afundando. No entanto, a realidade é bem diferente. A pesquisa realizada pela Andover Intel revela que apenas cerca de 9% das empresas transferiram seus aplicativos para fora da nuvem. Além disso, menos de 3% das empresas consideram a repatriação na nuvem uma opção viável, a menos que seja por questões relacionadas ao custo. Apesar disso, mais da metade das empresas expressaram algum nível de insatisfação com os custos mais altos na nuvem do que o esperado.
Apesar de o custo ser o motivo principal pelo qual empresas transferem aplicativos para fora da nuvem, é incomum que todas as suas aplicações e conjuntos de dados sejam movidos, e isso geralmente ocorre apenas quando percebem que estão perdendo dinheiro com essas cargas de trabalho.
Uma lesão causada por si mesmo.
Dez anos atrás, a prioridade era migrar para a nuvem, sem considerar economia ou gerenciamento financeiro, e o conceito de finops nem existia. Costumo explicar aos meus clientes que isso não foi totalmente culpa dos provedores de nuvem pública. Inicialmente, eles incentivaram a migração de aplicativos e dados para a nuvem sem a necessidade de adaptações ou atualizações. A abordagem era corrigir os problemas somente depois de migrar, e não antes.
Adivinhe? As cargas de trabalho nunca foram estáveis ou atualizadas. Essas aplicações e dados de migração e transformação exigiam cerca de três vezes mais recursos do que as empresas esperavam. Isso resultou em frustrações com os provedores de nuvem pública, embora as empresas também tenham parte da responsabilidade.
À medida que nos aproximamos de 2025, não é surpreendente que as empresas estejam enfrentando dificuldades reais ao tentar controlar os custos da nuvem. As opções disponíveis não são ideais. Pode-se optar por trazer de volta os aplicativos e dados para sistemas locais, na esperança de economizar alguns dólares com hardware mais barato. Ou, simplesmente deixá-los onde estão, sem fazer nada, e torcer para que os superiores ignorem o desperdício de dinheiro constante. Existe, no entanto, uma terceira opção, que raramente é considerada: otimizar os aplicativos e conjuntos de dados existentes, o que pode proporcionar alívio financeiro.
Separar o bebê em partes.
As empresas podem maximizar a utilização da computação em nuvem e evitar a repatriação de dados na nuvem por meio de um planejamento detalhado e considerando aspectos para além do custo. No entanto, é importante destacar que essa estratégia não é infalível e pode resultar em desafios mais complexos. Mesmo assim, frequentemente é a abordagem mais eficaz para muitas operações que estão gerando gastos excessivos em provedores de nuvem pública.
A maioria das empresas precisa de uma estratégia mais eficaz do que simplesmente repatriar aplicações problemáticas para a nuvem. Estas aplicações conseguiram esconder suas deficiências enquanto estavam em execução localmente, uma vez que não havia uma visão clara dos custos associados ao uso de recursos, como armazenamento, rede e computação. Muitas vezes, essas aplicações foram construídas sem passar por uma revisão arquitetônica adequada. A métrica de sucesso era simplesmente se funcionava ou não. Pessoalmente, considero um fracasso uma aplicação que funcione na nuvem, mas custe cinco vezes mais do que no ambiente local, porém a maioria das pessoas não pensa assim.
A abordagem de compromisso visa maximizar a eficiência ao executar um provedor de nuvem pública, fazendo o mínimo necessário para otimizar aplicativos e conjuntos de dados, reduzindo o consumo de recursos.
Refletir sobre despesas
O alto custo associado à utilização de serviços de nuvem muitas vezes decorre da escolha inadequada de serviços ou ferramentas de nuvem, estimativas imprecisas da carga de trabalho dos aplicativos e desenvolvedores que não consideram adequadamente os benefícios econômicos da nuvem. Um exemplo disso é a adoção de microserviços como arquitetura base, que, embora possa ser adequada para algumas aplicações, pode resultar em um consumo de recursos de nuvem cerca de 70% maior. Por outro lado, optar por uma abordagem mais simplista, como a arquitetura monolítica, pode ser mais econômico.
As ferramentas frequentemente podem resultar em desafios de custo também. Em muitas situações, aqueles que utilizam serviços de nuvem pública sem considerar cuidadosamente as ferramentas que estão sendo usadas podem acabar pagando um preço elevado. A discrepância no custo entre uma ferramenta e outra pode ser significativa, chegando a ser 3 a 5 vezes maior. Simplesmente mudar as ferramentas de desenvolvimento, teste e operações por serviços mais econômicos pode levar a uma redução nos gastos de 50% a 70%.
A chave para obter sucesso nessa batalha está na estratégia. É crucial ter expertise em arquitetura e engenharia para encontrar a solução adequada. Esta é a principal razão pela qual não conseguimos avançar com mais frequência – as empresas enfrentam dificuldades em recrutar profissionais qualificados para essas tarefas específicas.
Os fornecedores de serviços em nuvem também podem ser uma fonte de suporte. Muitos estão adotando a otimização e reconhecendo a importância de oferecer orientações para manter seus clientes satisfeitos. Embora não seja algo generalizado, percebo que essa abordagem está surgindo como uma maneira direcionada de garantir uma maior eficiência de custos.
Medidas que você pode adotar
Para controlar de forma eficaz os gastos com aplicativos em plataformas de nuvem pública, as organizações podem adotar as seguintes orientações:
Escolha os serviços e ferramentas em nuvem de acordo com as necessidades da sua aplicação, evitando recursos avançados ou dispendiosos que possam não ser essenciais.
Utilize previsões exatas de demanda. Evite a expansão excessiva e os gastos desnecessários ao estimar com precisão a demanda, analisando dados passados e projeções futuras para garantir o uso adequado dos recursos.
É importante ter cautela ao planejar aplicações, levando em consideração de forma clara os benefícios de custo oferecidos pela nuvem. É essencial alinhar a arquitetura das aplicações com os custos dinâmicos da nuvem.
Entender os padrões de utilização é essencial. Analisar como suas aplicações são utilizadas é fundamental. Por exemplo, se a utilização do servidor se mantém em torno de 70% de forma consistente, é importante considerar se manter recursos localmente seria mais vantajoso economicamente.
Paráfrase: Não será simples. Vai requerer muito esforço – bastante. Contudo, geralmente há recompensas ao final do processo de otimização da nuvem. Recomendo que você explore essa possibilidade.